Que coisa louca essa de não encontrar as palavras! De não
conseguir construir o pensamento. De querer se refugiar numa outra língua, num
outro eu, no não-tão-novo eu. Qual é o gosto da redescoberta? Que cheiro sai
daquela caixinha fechada há tanto tempo? Que arranca suspiros e me lembra que
não mudei. Que na essência tudo continua lá me mostrando que meu novo eu esteve
sempre aqui.
Que coisa louca essa da necessidade de se ter! O coração
continua batendo forte, tum-dum e me leva docemente para onde sempre quis estar
sem ao menos imaginar que um dia estaria aqui.