Procurando

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Pas mal

A saudade, essa que bate bem forte no peito, fica mostrando o que realmente vale a pena. Lembra-me de me manter firme. Firmeza que não consegue deixar de esboçar um sorriso, uma risada por todas as situações inusitadas. Queria antropologia, psicologia e uma boa dose de bom senso... daí me lembro de relaxar um pouco, deixar rolar, parar de analisar. Ah, se fosse tão simples... as palavras ficam pulsando ao ritmo da música, os olhos tentam captar tudo e as pernas estão sempre desconfiadas e atentas. Olho para o lado e sei exatamente o que quero. É assustador ter tantas certezas de uma só vez. Porém, não as troco por nada neste mundo. Eu consigo carregar este fardo sozinha. Bem, talvez nem tão sozinha, pois a vida anda me mostrando que o eu neguei e esperei por tanto tempo está finalmente perto de mim. No final, que é apenas um (re)começo, eu vou pra cama feliz por ter me permitido experimentar, porque só assim eu posso dizer que não gostei.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um pouco além de agora

Dor que seduz

Musa do artista

Diante da ausencia

Cala-se




Sabotador da felicidade

Suada, querida

Vivida

Adormece




Deixa o silenciar

Dos dias, meses

Embalar seus novos sonhos

Planeja

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

9 longos meses...

Não tenho mais nada a dizer, nada a declarar. Hoje ouvi a nossa música e, pela primeira vez, não surtiu efeito algum em mim. Pensei que tinha ficado insensível, que mais uma vez estava me fechando no meu casulo... daí lembrei que ontem meus olhos se marejaram quando vi o final feliz do filme. Então a conclusão é que finalmente passou, acabou, morreu e não existe mais sombra do que fomos. E mesmo que eu quisesse não posso mais voltar para o casulo, pois agora tenho asas!

domingo, 18 de outubro de 2009

Nem tudo está perdido

Aqui: longe de todos, isolada do habitual, mais perto de mim mesma eu consigo mensurar a proporção dos fatos. Melhor ainda, consigo olhar de cima, volto a racionalizar tudo, medir todas as memórias. Estranho este sentimento de paz e plenitude. Não sei lidar muito bem com o acaso, apesar de achá-lo muito providencial nos últimos tempos. Sinto, temo, desejo, respiro... e nunca foi tão harmônico! Hoje sonhei que enfim eu conseguia chorar. Acordei feliz! Aqui: perdida no tempo eu encontrei uma lágrima solitária. Que venham as próximas para lavar minha alma e amenizar tanta realidade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Assim como são as pessoas são os seres humanos

Que se começasse pelo fim ou mesmo pelo meio. Vai saber por onde ir... o caminho não é tão evidente. O difícil não é saber o que dizer. Depois de um tempo fica fácil saber quando calar-se. Talvez toda esta dificuldade em respirar seja por não aceitar que tenham decidido por ela, que tenham roubado seus planos, que tenham dito “é melhor pra você assim”. O engraçado é rir na cara do destino, o engraçado é rir quando deveria chorar. Será? Tanto já se teorizou a respeito de, que depois de um tempo perde-se toda a graça. Então tenta partir do zero, mas não consegue se desfazer completamente do passado verde que a assombra de tempos em tempos. Não consegue deixar de fazer hipóteses e de ter esperanças que algo melhor está por vir. Certo. Ela sabe que já chegou há tempos. Que a felicidade tem sido insistente ao bater em sua porta. Teme. Sim. Teme, pois assim são as pessoas. Permite-se ser incoerente por alguns momentos e renunciar o que é tão evidente. Porém, conhecendo-a bem, sabe que isso também é passageiro.



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Caminhando contra o vento

Já caminhava por pouco mais de uma hora sem encontrar a rua. O mapa não ajudava em nada ou talvez ela não soubesse interpretar bem essas convenções cartográficas. Não se preocupava mais com as horas e muito menos percebera que estava com fome. Continuava a andar com os olhos saltando de uma placa a outra e os ouvidos atentos aos falantes. Depois de um tempo decidiu esquecer o compromisso – telefonaria amanhã, explicaria o ocorrido e marcaria o encontro para outro dia – e achou um tanto quanto providencial estar perdida.




Começou a olhar mais atentamente os prédios que se erguiam à sua volta e sentiu-se acolhida pelo frio gélido das paredes de pedra. O vento que bagunçava seus cabelos era o mesmo que soprava as notas calmas do início do outono em seus ouvidos. Lembrou-se do primeiro pensamento do dia, lembrou-se que não sabia o que iria acontecer e como decidira, subitamente, sair de casa e encontrar aquela rua. Pensou em ligar para alguém, por um momento quis companhia, mas sabia que devia fazer isso sozinha. Devia a ela mesma este momento consigo. Mesmo assim marcou o encontro. Porém, ao menos, faria o trajeto desacompanhada.




Não saberia dizer quando foi que então tudo pareceu girar dentro da sua cabeça. Sentiu umas pontadas nas têmporas e desacelerou o passo. Procurou um banco vazio e quando já estava sentada há algum tempo sentiu então o que talvez a fizera sair de casa esta manhã: seu coração batia forte, num ritmo único e original. Ela sentiu uma lágrima quente rolar pelo rosto e o gosto amargo da felicidade quando se encontrou com seu sorriso. Ali, sentada anonimamente, rodeada pelas árvores de folhas levemente amareladas pode respirar profundamente e sentir todo o peso dos caminhos que a conduziram até ali. Agora ela sabia que suportou o que há tempos julgava ser um grande fardo. Sentiu orgulho de si mesma, levantou-se e pôs-se a caminhar sem destino certo.