Procurando

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Menos quatorze graus

Acorda e percebe que esta manhã não está mais sozinha na cama. Ainda com os olhos fechados procura o calor do corpo alheio... um perfume intenso e querido toma-lhe os sentidos. Sabe reconhecer este sentimento. Procura mal respirar para que o momento possa se cristalizar, mas ela sabe que a graça está na efemeridade.



O dia começa entre frases sussurradas e sonhos compartilhados. Decidem respirar um pouco de realidade e um tapete branco de neve os acolhe. Os flocos caem sem parar, sem nem mesmo pedirem permissão aos pobres desavisados que estão na rua e os corpos sentem a mudança brusca de temperatura. Entretanto, quem os olha com aquela troca de olhares cúmplices e marotos sentem-se também aquecidos com a cena e as risadas de ambos que, a passos rápidos, andam juntos sem saberem muito o destino final.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Este texto não precisa de título

Eu posso falar sobre isso, posso teorizar, posso (re)dizer formalmente. O engraçado é que eu começo a rir, a achar graça... lá vou eu ser excessiva de novo, eufórica como quase sempre.



A surpresa foi inevitável. Coisa boa que massageou meu ego. Li o texto mais de uma vez. O feedback precisava de mais calor e me coloquei a te escutar.



Discutimos rimas, métrica, forma, semântica... tão bom! Nós dois perdidos neste mundo das palavras. Você falava numa quantidade atípica. Nada disse... não ousei interromper o teu momento. E quanto mais dizia, mais as coisas iam tomando forma. Essas coisas todas que estão sendo desenhadas há alguns meses. Lembrei da nossa conversa, da nossa longa conversa do último domingo. E como uma epifania tudo foi fazendo sentido... sim! Você gosta da dúvida, gosta de ter o friozinho na barriga... faz questão disso na verdade, pois a partir do momento que começa a indagar as coisas é porque elas têm uma certa importância na tua vida. E você continua a falar, me dá conselhos, é cuidadoso ao usar as palavras... não quer me ferir, não quer ultrapassar os limites.



Eu continuo a me sentir lisonjeada. Você tem este dom de me surpreender e é isso que me fascina. Sete versos que me fizeram te decifrar. Depois você volta para teu silêncio observador, para a tua casca... mas eu sei o quanto eu vi, o quanto você se mostrou e a nossa conversa  "se fecha (sem euforia), como um todo que se fecha nesse instante de um gozo íntimo".

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Entrando em acordo

Sim, ela é frágil. Está nos detalhes, na essência.  E só ele consegue vê-la assim: tão arredia, teimosa e doce. Quando o olha, aqueles olhos castanhos claros, cor de outono, pede por amor. Quer ficar ali aninhada, aconchegada nos braços amados. Quer pensar que nada pode atingí-los, quer sentir o peso da felicidade. Pede para se importar, para lembrá-la de que não fez a escolha errada. Gosta sim de imaginá-los mais adiante, de querer sempre mais ao lado dele. Gosta de pensar que o tem ao seu lado. Às vezes condena a distância, a lua, os hormônios pela dor que a saudade causa. Sim, ela é frágil e humana também. Gosta de ver que não são tão diferentes quanto afirmam para si mesmos, que um complementa o outro e que agora, por mais sauvage que seja toda esta combinação, não consegue parar de pensar que tudo parece ser tão deliciosamente natural.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Jaunissement

Quand le soleil touche tes cheveux

Je ne sais pas quoi dire

Je peux te sentir

Doré

Dieu de la beauté

Et j'aime quand tu fermes les yeux




La chaleur est aussi dans moi

Meu desejo mais secreto

De tanto querer

Sem saber porquê

Procurando entender

A tua ausência naquela manhã

De tanto pedir

Implorar, suplicar

Que retomasse a razão

Que me pedisse perdão

De tanto sofrer

Dias, noites a chorar

Eu deixei de te amar

Eu voltei a sonhar

Oh, la vache!

Como é que se faz quando deixamos tudo assim tão claro? Dizemos o que tentamos esconder de nós mesmos... Freud explica! Você sabe que sim. E eu não mudo. Ferida, machucada, sozinha, carente mostro-me como um todo e o jogo fica perigoso. É melhor rir, levar na esportiva e saber que dias negros ainda estão por vir. A gente continua trocando confidências esporadicamente, fazendo terapia juntos. Quem sabe um dia a gente não mata essa curiosidade toda, né?!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nota ao leitor

A tela em branco deixa meu coração sangrando. Impotente estou diante de tanta felicidade. Porém há tanto ainda para ser dito. Se eu pudesse gritaria o vazio da minha mente caótica e simplista na cara do mundo. Paciência, espera... não! Não sei lidar com a improdutividade e muito menos com a mediocridade. Então me calo quando deveria falar. Por tempo indeterminado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Na noite luz

Um déjà vu inédito

Os passos firmes 

A respiração consciente

Caminha



No mundo real alheio

Os olhos brilham

Os pelos se eriçam

Observa



Na magia do momento

As pernas balançam

O corpo estremece

Voa

O que vêem

Quem a escuta fica encantado. Tantas vontades, tantas certezas, segura de si. É frenética: mãos e lábios se movimentam numa velocidade espantosa. Uma mecha de cabelo sobre os olhos e ela a afasta com uma delicadeza memorável. O som da sua risada é quente e deve ter sabor de chocolate. Lânguida, esguia, libidinosa. Sempre procura o olhar da segunda pessoa do discurso e faz, por um momento, serem um só. Quando se cala não deixa de sorrir.

Pecado

Deus de Ébano

Calado

Olhos de gato



Sabor de café

Perdido




Pele quente

À luz da cidade

Rouba pensamentos



Voz mansa

Deixa de pensar




Um toque

Um frisson

Olhares cúmplices



A frase sussurrada

Ao pé do ouvido

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vai um capuccino aí?

Quiseram acreditar no amor, quiseram crer na felicidade, quiseram se sentir bem. Mas têm medo. Têm medo de almejar o impossível, de viver num mundo cheio de ilusões. Medo de se sentirem amados, felizes e depois não terem mais nada. Por isso escolhem renunciar ao amor. Por medo. Covardia, eles sabem. Mas é como eles se defendem, é como eles sabem lidar depois de tanto sofrimento. Vejo o quanto merecem o melhor. Mas o mundo é um absurdo! Um caos! Não são daqueles que pensam e celebram o milagre do cotidiano. Está tudo perdido! Porém, querem ser felizes. Seguem dizendo que está tudo bem, que a saudade é suportável. Só queriam se achar e se perder um no outro hoje, pois "este é o tempo ansiado de se ter felicidade"!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

The autumn in my heart

Carpete de folhas

No meu caminho

Sozinha

Sigo




Com esforço

Me silencio

Cansada

Rio




Custo a ver

A chuva

Molhada

Finjo

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

38' de quatro

Ai, me deu uma pontada no coração! E viro de um lado, viro do outro, tento achar uma posição confortável e ainda que não seja o ideal, insisto. Acho bom, gosto da idéia de ter que falar bem pertinho, colada para poder ser ouvida. A greve durou menos de 24 horas... não consigo ficar chateada. Fico arranjando pretexto para brigar, mas simplesmente não existe (não agora). A respiração acelera, os risos são inevitáveis e é bom a voz quentinha do outro lado. Agora são as costas que doem... não me importo muito. Não quando estou com ele!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Greve de silêncio

Eu sei. Pode duvidar, mas quando eu digo que eu consigo eu não falho. Posso fraquejar porque ninguém é de ferro. Porém, se é pra jogar assim, eu entro na roda. Aposto que ganho... não entro para perder. Acho besteira ficar medindo os passos, calculando as palavras, mas se você prefere assim então vamos lá! Seria mais simples deixar rolar, não ter tantos grilos. Só que o final desse filme eu já sei de cor: a gente se habitua, se acostuma a receber e esquece de dar. Por isso me afasto, me ausento por tempo indeterminado. Esse lado você ainda não conhecia. Sei que você bem que gosta quando eu não sou tão previsível.

Da minha bolha

Simples assim

Não tem mistério

Se não quero papo

Não quero




Longe de mim ser maldade

Apenas um pouco de privacidade

Tem dias que é preciso

Me deixar perdida nos meus pensamentos




Se é diferente

Se não agrada o silêncio

Pegue suas coisas e se afaste

Preciso do ócio




Sozinha

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Instante de dois

Eles já se olhavam há algum tempo. O calor dos corpos de ambos era palpável... o tempo que antes havia sido tão cruel agora não fazia mais parte deles. A cena era instigante: um silêncio profundo sentido apenas pela respiração acelerada dela. Lá fora a chuva caia mansa e fina. Ela pensava que enfim estavam lá, enfim estavam juntos. Toda a calmaria se explodiu de repente num jogo louco de braços e cabeças. Ele a apertava forte contra o colchão e a respiração se misturava a gemidos. Gemidos longos e doces. Um emaranhado de cabelos e a vontade de nunca mais sair dali. Ela o puxava para junto de si, para dentro dela com uma ânsia quase fatal. Beijos gulosos, mordidas que queriam levar tudo do outro. Tudo desaparecia e então só estavam os dois perdidos nesse alvoroço todo. As mãos firmes dele continuavam a apertar seus quadris. Ela era um misto de ternura e tesão. Derretia-se pelos seus braços. Era lindo ver essa dança dos corpos comandada pelos sons mínimos da situação. A explosão veio rápida, certeira. Um som agudo invadiu o quarto e um frisson percorreu os dois corpos. O ritmo foi diminuindo, eles voltaram a se olhar - como que para terem certeza de que ainda estavam ali, que ainda estavam juntos no mesmo propósito. Ela sorriu, ele retribuiu passando a mão pelo seu rosto.

Corrompidos pela Cosmopolização

Essa coisa de ser mulher em pleno séc. XXI não é das mais evidentes. Na boa... acho muito bacana, muito válido toda a luta já travada pelas minhas ancestrais e o lance de queimar os sutiãs e tal, mas eu realmente acho um pouco confuso algumas coisas. Se eu fosse uma Amélia da vida, me contentaria em esperar pelo meu marido (sim, eu já seria casada) com o jantar pronto todas as noites. Seria feliz assim. Mas não! Não posso querer lavar as meias de ninguém, tenho que dividir a conta no restaurante e telefonar marcando o cinema. Preciso falar de tudo: política, filosofia, música, cinema, literatura, bolsa de valores e desenvolvimento sustentável. Tenho que estar sempre com a depilação em dia, unhas feitas e saber andar bem de salto. Mas é aí que mora o problema, minha gente! Essa coisa de ter uma personalidade forte, de saber o que quer e de colocar a carreira profissional antes dos chamados maternos da natureza amedronta os pobres coitados do sexo oposto. Num primeiro momento pode até seduzí-los, porém pergunta quem é que quer uma mulher dentro de casa que fale tão alto quanto eles?




Fica cada vez mais claro que a mulher está conquistando o seu lugar ao sol. Só que a gente tem que dar conta das novas funções adquiridas e ainda manter o posto de Amélia. Então, meu querido amigo, pra você que me disse que no fim das contas eu não passo de uma "espanta-homens", digo-lhe que por um bom tempo eu assumi bem o papel de Penélope. Entretanto, um dia a gente cansa de ficar esperando pelo nosso Odisseu e passa a exigir tanto quanto fomos/somos cobradas. Daí, quem quiser pagar o pato vai ver que "eu sou um doce e que além de cozinhar bem ainda recito poesia" (a modéstia me impede de ir mais além). Convenhamos, vai?! A gente bem que gosta desses papéis pré-designados, mas fica difícil admitir, né?! Sorte que escolhemos viver ao redor deste caos cosmopolita que nos impulsiona rumo a igualdade de gêneros ainda tão temida (ou não... vai saber!).


Olá! Como estão as coisas por aí?

O telefone já havia tocado há cinco minutos, a cama quente não tinha intenção alguma em querer que ela se levantasse dali. Teria que fazê-lo. Olhou pela janela e viu que ainda estava escuro... quantos graus lá fora? Disseram que a mínima seria de 6ºC. Automaticamente vestiu o mesmo jeans que usara na véspera, colocou seu pulôver predileto e seu velho All Star. Comeria cereais! Ficou contente ao ver que havia comprado leite. A casa era um silêncio absoluto: conseguia ouvir baixinho o barulho dos poucos carros que já estavam na rua a esta hora. Apressou-se, não tinha muito tempo. Escoveu os dentes, pegou a bolsa, o cachecol, vestiu o casaco e saiu.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Loulou et moi

- Coucou! 3 meses?

- Oui, 3 meses et toi?

- Aussi.

- Ah, non...

- Que?!

- Nada.

- Comment nada? Que'est-ce qu'il y a?

- Nada. Ce sont juste les linges qui sont encore mouillées.

- Que??

- Mouillées... tu sais? NOT DRY!

- Ah oui... peraí! La chauffage...

- Le chauffage.

- Ah, ouais... ça aussi.

- Mais non. C'est LE chauffage!

- Quoi?

- Quoi quoi?

- Ta gueule!!!

domingo, 1 de novembro de 2009

Sem título

A necessidade constante em nomear as coisas faz com que a gente esqueça de enxergar o que está aqui bem na frente do nosso nariz. Pensar em hipóteses, começar o discurso do "e se" só aumenta o sofrimento. E digo mais, a gente quer sofrer, a gente precisa disso para não nos sentirmos tão culpados diante de toda a felicidade récem-conquistada. Nos esquecemos entretanto de que de lágrimas nossos caminhos já estão marcados, de que não podemos ser incoerentes a este ponto, que precisamos parar de nos sabotar. A culpa faz parte do processo de adaptação, pois sempre nos disseram que ser feliz assim não era para todos. Só que agora, exatamente neste momento, é para nós! Talvez não seja para sempre e ainda bem que não, pois é aí que reside a graça. Acabamos sendo gulosos, comendo tudo até além do limite enquanto podemos fazer isso. No final podemos até passar mal por causa da ânsia de querer provar mais. Porém, se é para sermos extremistas, façamos dessa forma: amar sem pensar em regras, nomenclaturas ou punições.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Pas mal

A saudade, essa que bate bem forte no peito, fica mostrando o que realmente vale a pena. Lembra-me de me manter firme. Firmeza que não consegue deixar de esboçar um sorriso, uma risada por todas as situações inusitadas. Queria antropologia, psicologia e uma boa dose de bom senso... daí me lembro de relaxar um pouco, deixar rolar, parar de analisar. Ah, se fosse tão simples... as palavras ficam pulsando ao ritmo da música, os olhos tentam captar tudo e as pernas estão sempre desconfiadas e atentas. Olho para o lado e sei exatamente o que quero. É assustador ter tantas certezas de uma só vez. Porém, não as troco por nada neste mundo. Eu consigo carregar este fardo sozinha. Bem, talvez nem tão sozinha, pois a vida anda me mostrando que o eu neguei e esperei por tanto tempo está finalmente perto de mim. No final, que é apenas um (re)começo, eu vou pra cama feliz por ter me permitido experimentar, porque só assim eu posso dizer que não gostei.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um pouco além de agora

Dor que seduz

Musa do artista

Diante da ausencia

Cala-se




Sabotador da felicidade

Suada, querida

Vivida

Adormece




Deixa o silenciar

Dos dias, meses

Embalar seus novos sonhos

Planeja

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

9 longos meses...

Não tenho mais nada a dizer, nada a declarar. Hoje ouvi a nossa música e, pela primeira vez, não surtiu efeito algum em mim. Pensei que tinha ficado insensível, que mais uma vez estava me fechando no meu casulo... daí lembrei que ontem meus olhos se marejaram quando vi o final feliz do filme. Então a conclusão é que finalmente passou, acabou, morreu e não existe mais sombra do que fomos. E mesmo que eu quisesse não posso mais voltar para o casulo, pois agora tenho asas!

domingo, 18 de outubro de 2009

Nem tudo está perdido

Aqui: longe de todos, isolada do habitual, mais perto de mim mesma eu consigo mensurar a proporção dos fatos. Melhor ainda, consigo olhar de cima, volto a racionalizar tudo, medir todas as memórias. Estranho este sentimento de paz e plenitude. Não sei lidar muito bem com o acaso, apesar de achá-lo muito providencial nos últimos tempos. Sinto, temo, desejo, respiro... e nunca foi tão harmônico! Hoje sonhei que enfim eu conseguia chorar. Acordei feliz! Aqui: perdida no tempo eu encontrei uma lágrima solitária. Que venham as próximas para lavar minha alma e amenizar tanta realidade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Assim como são as pessoas são os seres humanos

Que se começasse pelo fim ou mesmo pelo meio. Vai saber por onde ir... o caminho não é tão evidente. O difícil não é saber o que dizer. Depois de um tempo fica fácil saber quando calar-se. Talvez toda esta dificuldade em respirar seja por não aceitar que tenham decidido por ela, que tenham roubado seus planos, que tenham dito “é melhor pra você assim”. O engraçado é rir na cara do destino, o engraçado é rir quando deveria chorar. Será? Tanto já se teorizou a respeito de, que depois de um tempo perde-se toda a graça. Então tenta partir do zero, mas não consegue se desfazer completamente do passado verde que a assombra de tempos em tempos. Não consegue deixar de fazer hipóteses e de ter esperanças que algo melhor está por vir. Certo. Ela sabe que já chegou há tempos. Que a felicidade tem sido insistente ao bater em sua porta. Teme. Sim. Teme, pois assim são as pessoas. Permite-se ser incoerente por alguns momentos e renunciar o que é tão evidente. Porém, conhecendo-a bem, sabe que isso também é passageiro.



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Caminhando contra o vento

Já caminhava por pouco mais de uma hora sem encontrar a rua. O mapa não ajudava em nada ou talvez ela não soubesse interpretar bem essas convenções cartográficas. Não se preocupava mais com as horas e muito menos percebera que estava com fome. Continuava a andar com os olhos saltando de uma placa a outra e os ouvidos atentos aos falantes. Depois de um tempo decidiu esquecer o compromisso – telefonaria amanhã, explicaria o ocorrido e marcaria o encontro para outro dia – e achou um tanto quanto providencial estar perdida.




Começou a olhar mais atentamente os prédios que se erguiam à sua volta e sentiu-se acolhida pelo frio gélido das paredes de pedra. O vento que bagunçava seus cabelos era o mesmo que soprava as notas calmas do início do outono em seus ouvidos. Lembrou-se do primeiro pensamento do dia, lembrou-se que não sabia o que iria acontecer e como decidira, subitamente, sair de casa e encontrar aquela rua. Pensou em ligar para alguém, por um momento quis companhia, mas sabia que devia fazer isso sozinha. Devia a ela mesma este momento consigo. Mesmo assim marcou o encontro. Porém, ao menos, faria o trajeto desacompanhada.




Não saberia dizer quando foi que então tudo pareceu girar dentro da sua cabeça. Sentiu umas pontadas nas têmporas e desacelerou o passo. Procurou um banco vazio e quando já estava sentada há algum tempo sentiu então o que talvez a fizera sair de casa esta manhã: seu coração batia forte, num ritmo único e original. Ela sentiu uma lágrima quente rolar pelo rosto e o gosto amargo da felicidade quando se encontrou com seu sorriso. Ali, sentada anonimamente, rodeada pelas árvores de folhas levemente amareladas pode respirar profundamente e sentir todo o peso dos caminhos que a conduziram até ali. Agora ela sabia que suportou o que há tempos julgava ser um grande fardo. Sentiu orgulho de si mesma, levantou-se e pôs-se a caminhar sem destino certo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O presente morreu

Estava se livrando, se refazendo. Partindo do zero com o passado intacto no fundo das caixinhas de cores vivas que guardam doçuras, amarguras. Queria que não tivesse tanta importância, mas a memória reconta sorrisos e lágrimas já perdidos no tempo. Essa foi ela ou a que pensava ser naquele momento em que estava tão... alegre? Não saberia entender, porém queria beber-se neste líquido já perdido no esquecimento. Era uma dor muda e ela sempre calada. Arrastava-se ao longo dos dias (anos?) carregando o fardo do cotidiano. Quem era esta refletida no espelho? Não mais se reconhecia, faltava-lhe aquela que fora outrora ou a que nunca chegou a ser, talvez. Mas ela podia ver naqueles retratos toda sua vontade de viver. Onde se perdera? Como desviara-se do seu caminho? Haveria algum? Precisava se livrar daquele peso, soltar-se das amarras do conformismo. Não havia imaginado isso para si. Não!




A campainha toca. Não! Não atenderá. Apenas hoje. Ninguém pode vê-la neste estado. Nua, indefesa, com a alma na mão. A verdade não precisa ser mostrada. Estava cansada de todos, de si e daquele sorriso já petrificado no rosto. Pronto. Desistiram. O silêncio ensurdecedor de si mesma paira novamente no ar. Quem poderia ser? Quase onze horas e havia o almoço para ser feito. Não o faria, apenas hoje. Mas perguntariam o motivo e ela deveria se explicar. Não pode explicar-se e alguém de certo saberia fazê-lo. Feliz daquele que há as respostas. Onze horas... foi até a janela e desvencilhou seu olhar das grades. Não tardaria e ela já apareceria. Sim, pois ela nunca deixava de vir. Havia apenas duas semanas, quase três, não estava certa, que seus dias eram consumidos pela esperança de presenciá-la: a cena, quinze segundos de pura magia.




Era uma cena estranhamente encantadora: os pés dançavam ao ritmo do outono. As folhas secas retorcidas no chão deixavam de ser paisagem. Ela corria e, sem hesitar, seus pés as esmagavam. Da janela ela podia sentir as folhas cederem ao peso daquele corpo. Os passos iam se alternando e seu solo tinha um ritmo próprio e uma técnica única. Queria gritar, chamá-la e talvez conversar, não saberia o que falar, nunca o sabia. E então o espetáculo chegava ao fim quando por uma fração de segundos uma fina linha, muito discreta era desenhada pelos lábios de ambas. Sim! E neste momento eram apenas uma: passado e presente se fundindo. Um sorriso morno, gozoso, aconchegante. Um pulo. Que susto! O telefone toca. Deveria atendê-lo? Pode ser importante, talvez as crianças. Sim? Não, sinto muito. Era engano, sua vida era um grande engano.




Voltou para o sofá. Havia muito ainda há ser feito e agora se arrependera de toda aquela tralha. Não se deve remexer no passado, mas ela não sabia mais onde procurar as respostas. Que tolice pensar que poderia mudar as coisas. Guardou tudo novamente no fundo das caixinhas coloridas, ao menos lá ela estava feliz.



N'importe quoi...

Tu sais, c’est un peu difficile croire que ça m’arrive encore une fois. En fait, j’attends une bonne excuse, mais je ne veux plus d’excuses! Je connais la fin de ce film et elle n’est pas du tout bien, je connais bien le goût amer de perdre la confiance à quelqu'un. Je ne peux rien faire… tu as déjà tout réglé: c’est fini une chose qui pourrait être quand même un des plus grands moments de nos vies. Je n’exagère pas, tu le sais bien. Ce que j’aimerais comprendre, c’est le motif... est-ce que c’est toujours la peur? Je me suis trompée de nouveau? C’est dur!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Minha florzinha do campo

Obrigada. Obrigada por cuidar de mim, me carregar pra cima e pra baixo, por me aquecer quando tenho frio e me nutrir quando sinto fome. Obrigada por me proteger, por não deixar que eu sofra e por sofrer no meu lugar. Obrigada por gritar, dar bronca, deixar de castigo, mostrar que regras são necessárias. Obrigada por rir de mim, rir comigo, obrigada pelas risadas. Obrigada por me deixar errar, por me fazer aprender com os meus erros, por dizer "eu te avisei". Obrigada por me mostrar que sou capaz de tanta coisa, por me apoiar, por acreditar nos meus sonhos. Obrigada por estar presente, por estar por perto e por me deixar ir. Você sabe, mãe: devo tudo o que sou a você. Obrigada por provar que o nosso amor é maior que tudo. Obrigada!

Gate 18

Os rostos antes nunca vistos agora compartilham a espera. Ela não consegue deter o sorriso. Olha para o céu e sente-se acolhida pelo frio cinza e molhado das nuvens. As horas se arrastam e ela aproveita estes momentos de paz para se reorganizar. Tem uma ideia muito vaga do que a espera, mas sabe exatamente o que quer, quem quer. Quanta vontade. Quanta saudade! Não sabe mais dizer quando tudo comecou. Sabe que quer continuar, que quer tê-lo por perto. Sente-se bem.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

C'est parti

Quando vai se chegando os minutos finais todas as palavras saem atropelando o momento, toda a urgência de dizer tudo, deixar as intenções esclarecidas tornam-se primordiais. Todos já sabem de todo este blá-blá-blá tão necessário. Chega a ser deseperador: os braços tão curtos agora não conseguem abarcar todo o amor de anos, meses, semanas, dias. Os olhos furtivos... aqueles olhos pequeninos sentem dificuldade em se firmarem em algo. Tão frágil agora. Sabe que é preciso. Quer muito tudo isso. No final, que é apenas o começo de muita coisa, os olhinhos até se enchem d'água: um misto de amor, ternura, medo e saudade.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Au revoir feelings

As coisas começam a ganhar forma, dimensão e proporção. Olho em volta e o caos não me deixa pensar. Tanto ainda para se fazer... não muito para dizer. As palavras desaparecem e eu só consigo fazer um singelo aceno com a cabeça indicando que tudo vai ficar bem para os dois lados. A lembrança da noite surreal me faz querer poder dizer algo, querer poder fazer algo. Inútil. Só posso afirmar que a dor é compartilhada, que a falta é inevitável e que eu volto em breve.

sábado, 19 de setembro de 2009

Será o benedito?!?

Dorzinha besta, desproposital. Vacilo meu também ter ido sem medir o tamanho do passo. Agora fico com cara de tacho achando que, mais uma vez, fui feita de idiota. É para poder pagar os pecados do  recente passado negro ? Se for, avisa logo, porque daí eu dou um jeito de voltar a desacreditar no amor. Não adianta culpar a lua, o clima ou mesmo os malditos hormônios. Vamos ser realistas e olhar para o amanhã! Quer viver de quê, guria? O que mais incomoda é que a cabeça não consegue parar de sentir o que o coração pensa. A paciência, que nunca foi muita, tá no finzinho e os olhos marejados tentam não esperar por nada.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ai, ai...

O curioso é
Apesar de todo o caos
Ainda conseguir
Te imaginar
Bem junto a mim
Como já foi provado antes
Em outros tempos


O engraçado é
Mesmo com a distância
Relembrar tudo que foi dito
Cair na risada sozinha
E ficar em extâse
Pelo resto do meu dia
Por nossa causa


O melhor de tudo é
No meio dessa agonia
Saber que em pouco tempo
Será tudo do mesmo jeito
Num cenário novo
Com nós dois tão iguais
E previsivelmente diferentes.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Operação cachecol

Como pode a ausência virar esta coisa tão presente, concreta, nítida? A falta não deveria ser palpável. Fica tão mais difícil esquecer, enterrar quando vejo que não estive errada. Por que tem que ser assim? Por que esse medo todo? As estradas são diferentes? Acho que não... de tanto se falar, acabou que muita coisa não mudou. Retorno aos lugares antes por nós habitados. Isso não deveria mexer comigo, mas ainda mexe, ainda machuca. Tento expurgar a dor. Em vão, pois por você já não derrubo mais lágrimas. Engraçado essa coisa do amor morto. Consigo sorrir enquanto escuto todas as histórias, consigo sentir carinho, orgulho e por um segundo a sua falta. Não posso! Não quero! Não agora que pareço finalmente estar deixando meu casulo. A sensação é a mesma de meses atrás: incompreensão completa. Tenho cansado de tanto gerar teorias. Deixo para a medicina. Seria um caso e tanto para os estudos psicanalíticos. Agora não há mais nada que nos una... antes era uma existência toda. Sinto medo. Um medo diferente do seu, um medo que não seria nunca capaz de renunciar a própria felicidade. Por isso sigo em frente, na esperança de encontrar novamente tudo que  construímos, vivemos e deixamos lá atrás.

Lágrimas

Sim. Pediu, esforçou-se, de tanto querer e suplicar eis que lá estão novamente. O soluço atravessa a garganta e a cabeça se aconchega no ombro amigo. Era preciso! Não podem mais fingir. As aparências são para os outros... entre eles não é pemitido. 


Um ritual. Por que não nomear assim? O gosto amargo nas bocas e os rostos queimando. Sensação tão familiar de outros tempos e de agora. Será preciso muito mais, a dor é implacável. Iremos resistir? Devemos! Há escolhas. Sempre houve.


Eu escolho seguir. Vêm, me dê a mão!

Tá olhando o quê?

Sempre fora assim: diferente, fora do padrão... talvez tenha tentado se igualar quando tinha lá seus 15 anos, mas é uma possibilidade muito remota. O arrastar das sandálias ecoa nos corredores. Ela mal olha para os lados. Quem vê a cena acha que ela flutua. A verdade é que voa! Segura-se onde pode para não sair por aí... porém não quer permanecer, apenas deixar a brisa conduzí-la. Pára de súbito. Não acredita quem está ali... enfim, não foi o caminho mais fácil, mas finalmente chegou!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Doce de casca de mexerica não saia daí!!

Se você está numa bad não existe melhor solução que se jogar. Isso mesmo! Bata cabelo na cara da vida, deixe os outros de face. Não importa se você será pego no jump do cat. Pau no cu de quem vier falar mal. Piririm pompom! Depois que tudo passar você poderá olhar para trás e dizer: ah não, majericão! Porque, honey, vamos combinar? O importante é ter saúde! E se de tudo esses métodos não funcionarem você pode pedir ajuda aos espíritos que descem como fogo. Mandinha demais da conta, gente!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

1 semana

1 semana para recomeçar,
para se conhecer,
para amar,
para querer.
1 semana para acabar,
para sofrer,
para lutar,
para morrer.
1 semana para voar,
para esquecer,
para gozar,
para viver.


Em uma semana serei outra, serei a mesma. Terei partido sem nunca aqui ter deixado. Em uma semana...

Como é que se faz, hein?!

O ouro eu entreguei faz tempo. Poderia ficar quietinha, esperar o tempo dizer, mas ansiosa que sou, não consigo! Veio e acertou em cheio. Deixou meu coração, antes tão desconfiado, cheio de esperanças. Agora puxo na memória todos os momentos compartilhados, todas as risadas, todos os toques. Sinto falta. Queria não sentir, queria pensar que a solidão voluntária é uma boa escolha, porém romântica que sou, admito. Queria pegar de novo, cheirar mais uma vez e arrancar um "ai" com a mordida. Poder acordar e tê-lo ali, só assim: do meu lado. Achei que fosse passar. Que com a  distância a graça se perdesse, que chegaríamos em comum acordo que é mais fácil cada um seguir caminhos diferentes. Mas como é que se faz quando os caminhos querem se cruzar? Quando eu não quero o que é tão fácil? Quando o que mais desejo é você e  mais ninguém?

Tem gente precisando morrer

Certo. Certinho. Decidimos viver em uma sociedade pacifista, a última grande guerra ocorreu há mais de sessenta anos, a expectativa de vida da população só aumenta e todo dia nasce uns 100 guris novos, no mínimo. A onda agora é ingerir menos gordura, ser uma pessoa ativa, tomar leitinho de soja e praticar yoga (alguns fazem análise). Justo. Justíssimo. Mas já olharam para os lados? Senhor amado!!! Estourou um cano de gente! Não tem condições de ter esse tanto de pessoas no mundo. Aquecimento global?! E o aquecimento corporal e todos esses carros e esse mundo de gente vai pra onde? Não vai, né?! Essa é a verdade. Eu fiquei não sei quantas horas naquele engarrafemento e aí, meu querido, não há quem queira ser pacífico nestas horas. Então não me venha dizer que é preciso amar o próximo e me contar as últimas novidades em termos de cura através dos alimentos que você viu no Globo Repórter. Traga-me soluções! Depressa. Depressinha. Antes que eu resolva clamar por umas bombas para ver se a coisa toda melhora.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sintomas 2

A tosse seca corta o silêncio da madrugada. Aérea não escuta as histórias narradas ao seu lado. Pensa em um milhão de coisas e ao mesmo tempo não sabe onde está. O coração acelera, vai no ritmo da batida. Quantas doses ainda serão necessárias para apaziguar a ansiedade? Olha os rostos tão amados e o ar desaparece. Quer manter o sorriso, perder-se na risada. Deixa-se levar pelo momento, quer parar o tempo, quer que o amanhã chegue depressa. Está cheia de quereres. Controla a respiração, impede que o enjôo tome conta da garganta. Volta a tossir e sabe bem que não há como parar. Tosse, tosse, tosse. Não adianta. Ela vai e eles ficam. Promete voltar. Promete de coração.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sintomas

12 pares de olhos
Juízes da situação
O corpo percebe
Eu finjo que não vejo
Finjo que não percebo


Arquea-se uma sombrancelha
Desço uma nota
Com um suspiro mais profundo
Perco todo o compasso
A voz perdeu a compostura


Agora não mais me incomodo
Com os olhares estranhos
Quero gritar 
Nada posso fazer 
Estou rouca

domingo, 6 de setembro de 2009

Mon cul!

Ah nãããooo!!! Eu tô cansadinha dessa doencinha de ficar tudo assim cheio de nhém-nhém-nhém. Meus ouvidinhos tão gracinhas já não dão continha não, gente! Vontadezinha de pegar, amassar, pisar ou mesmo dar um tirinho super no meio das testinhas. Ôh, Senhor amado!!! É testezinho pra eu largar de ser intolerantezinha? Podia abstrair, deixar pra lá, fingir que não ouvi. Mas cada vez que escuto essas vozinhas agudinhas da vontade de mandar para a putinha que pariu. Ah não, gracinha do capeta demais, né?! Vontade de socar até morrer, Mandinha!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ô Glória!

Que benção! A chuva vem e dissipa toda a agonia das últimas semanas. O corpo responde fisicamente a todos esses estímulos positivos e por um momento eu estou bem. A cabeça desconfia, analisa, instiga todos os detalhes. Porém o coração quer acreditar, confiar, se entregar. Nem tudo está perdido. Ainda posso confiar nas pessoas. Tudo flui em direção ao novo, ao sonhado, ao querido. Agora só me resta viver!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sou mocinha, pô!

Lágrimas não mais existem
Onde foram parar?
O medo persite
E nada do corpo chorar

O tombo e os
Joelhos ralados
O sangue escorrendo
Eu provo que sou forte

Podem olhar
Os olhos até ganham
O brilho desejado
Mas nada do corpo chorar

Eu quero
Quero filme romântico,
Quero palavras queridas,
Quero expurgar a dor,
Quero vibrar, quero chorar



Abriram a porta do inferno

Este discurso de que a água potável do mundo está acabando não cola muito bem por aqui. Três banhos não é a atitude das mais nobres, sei bem. Desenvolvimento sustentável, reciclagem e cia. Sei mesmo de tudo isso. Mas péra lá, né?! Vamos combinar? Jesus não está voltando coisa nenhuma! É o Tinhoso mesmo!! Se bem que tá lá escrito em Jennyffer cap. 15, vers. 08 " E verás, oh homem cruel, que a natureza contra ti irá ficar e que provarás do próprio progresso nas labaredas do Juízo Final". É... tá lá assim mesmo, viu?! Mas nem tô muito preocupada, pois o Hercóbulos tá aí! Então fodeu geral. Ô, calor!

Vem aí a 6ª temporada de "Nossa História", episódio 1.463.279!!

E quando o telespectador pensa que a história chegou ao fim, eis uma reviravolta surpreendente! A primeira temporada foi marcada pela novidade e a inconstância do elenco. Os anos se seguiram e a audiência só aumentava. A concorrência tentou tirá-los do ar, mas foi em vão. Houve umas mudanças drásticas, o roteiro era uma surpresa a cada capítulo, os protagonistas se ausentaram algumas vezes e tiveram que chamar substitutos. Tudo bem. Imprevistos acontecem, mas tinham que admitir: formam uma dupla incrível! Morreu? Pode perguntar, Seu Delegado... sei tudinho sem tirar nem pôr. Exatamente do jeito que ele lhe contou.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Maldito ócio

Perdoe-me, Amor. Perdoe se causei tamanha dor. Não pude guardar meus demônios para mim... não consegui. O procurei não pelas semelhanças com o passado dolorido, mas pelas previsões de um futuro melhor e por um presente querido. Já se foi tanto e ainda continuamos juntos. Gostamos de estar juntos... acalma os corações. Talvez o 1º dia ainda venha contagiado por todo o agouro dos últimos 31. É preciso mudar o ritmo, mudar as atitudes, desejar o novo. Consola eu dizer que isso nos faz crescer? Que precisamos levar esses tombos às vezes, é fato. E eu só posso dizer que detesto o ócio. Muito mesmo!

Guardar dá câncer

Com que direito? Vem e reaparece do nada! Não pedi pra saber. Tava tudo lá embalado, guardado no fundo do armário. A tua parte você certamente queimou. Certamente. Não soube cumprir as promessas, suas palavras já não mais significam nada. Teoria da ação comunitiva porra nenhuma! Sabe nem dialogar. Nem ao menos uma justificativa decente ou uma justificativa somente. Pois é! Hoje não me preocupo em medir as palavras e muito menos procurar por sinônimos esteticamente melhores. Quero apenas cuspir essa bola de pelo que não me sai da garganta. Respeito não existe há muito tempo. Acovardar-se na sua bolha parece-lhe bom?! Haha! Pegue todos os livros, todos os filmes, todas as músicas, todas as danças e desapareça! Um oceano já não é suficiente. O foi para o lado mais fraco dos dois. Sempre existe um, não é mesmo?! Tão cansada dessa novela... o que era pra ser um romance épico tornou-se novela mexicana. Ai, meus sais!! Cansei de tal forma que não suporto sequer pensar. Você pode dizer que nada fez, que continuou prezando essa merda de silêncio. Verdade, não tiro este seu crédito. Entretanto é aí que mora o X da questão. O que eu ganho com estas palavras todas? Você fora de mim! Cansei de guardar algo que só me adoece.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Fantasmas

A caixinha estava coberta de poeira. Há muito que não mexia em nada, nem sequer a tirava do lugar. Não estava completamente esquecida, mas já sabia que não havia muita escolha. Deixa lá no canto, diziam - e assim ela fez. Quanto tempo já se passara? O mesmo tempo que tem agora para recomeçar. Porém, ela não vive sozinha e vira e mexe perguntam sobre a maldita caixa! Que coisa, viu?! Então um dia desses não pôde mais ignorar os fatos: a caixa estava mais uma vez aberta. Obra de mãos alheias... ela não se conteve e deu uma olhadinha: lá no fundo estavam eles, mais vivos do que imaginara. Teve medo e surtou! Coitada. As feridas ainda estavam abertas. Entretanto viu que de todos os badulaques que a caixinha guardava apenas um a preocupava: a Mágoa. Incrédula ela fuçou, remexeu tudo por algumas horas... não havia mais Amor! Estranho, pensou ela. Contudo se sentiu, como há muito tempo não se sentia, livre. Soube reconhecer a Felicidade sentada ao seu lado e não quis, nem por um segundo, sabotar tudo isso que construiu a duras penas nos últimos meses. É certo que ainda olha desconfiada para as esquinas, receio de encontrar os fantasmas. Mas hoje, ao olhar para o céu, como quem pede por ajuda, se deu conta de que o inverno enfim estava chegando ao fim e que a primavera já dava os seus primeiros sinais. Sim! Vejam: é ela florindo!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Néctar dos Deuses

Provei.
Comi tudo.
Tudinho.
Fui até o fundo e me lambuzei toda.
Agora o pote vazio fica aqui me lembrando do quanto foi bom!
É gula querer mais? É feio não parar de pensar?
Quero aquele gostinho na minha boca de novo...
Quero o gostinho da tua boca na minha boca de novo. 
Vontade imensa!

Ausente

É como se fosse um sonho: você se enxerga como um todo, vê toda a situação do alto. Estranho ver o topo da própria cabeça. Você não está sozinha, mas não sabe muito bem quem são todas essas pessoas ao seu redor. Ninguém sabe das suas inquietações, nem imaginam que sua cabeça está longe... um oceano de distância. Você prefere ficar calada e responder somente o que lhe perguntam. Atípico da sua parte, mas é melhor assim.

sábado, 29 de agosto de 2009

Abraços vazios

Eles estão se lixando uns para os outros. Não se conhecem nem de outros carnavais. Sorrisos, risadas, carícias: todos espontâneamente forçados pelo mecanicismo do processo. Já não se sabe fazer de outra forma. Só consigo observar, ficar calada e rir. Às vezes um choro pelos desamores e dessabores e no final esta noite em nada ajudou. Fez perceber que abraços vazios já não nos satisfazem mais. Seria arrogância minha dizer que te avisei? Porém, você precisa chegar ainda um pouco mais fundo no poço e saber que até os fingidores, um dia, deixam as máscaras cairem e provam das delícias do amor ou qualquer outro sentimento semelhante. Talvez soe prepotente todas essas minhas certezas, mas você sabe que eu não sei de nada e que tenho medos assim como todos. Entretanto fiz minhas escolhas e ao meu lado não há espaço para este monte concreto de nada. Isso sim é fácil renúnciar.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

No espelho o umbigo

"Guardei Sem ter porque

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar"






Multifacetada,

Palidamente colorida e

Desperta de sons.

Sons dela, deles,

Nossos e de outros tantos.

Cansada, chorosa, dengosa,

Derrete-se.

Volta atrás

Diz não e sabe o que quer

Por um minuto sabe quem é.

Olha em volta e reconhece

Toda a estranheza que ela

Com muito custo aprendeu

A distinguir quando mais ninguém

Quis saber.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Tudo por aqui e agora

Cento e quinze, cento e dezesseis, cento e dezessete, cento e... ai! Quantos Passos já se foram? O Tempo insite em se arrastar e quando decide andar me atropela. Caio no chão desconcertada e logo levanto, pois não posso mais perder Tempo. Começo a ver que o Presente logo será parte do meu Passado nostálgico. Dorzinha lá no fundo do peito. Pequenina estou. Porém, logo ali, bem mais adiante, estão os meus Gigantes. A vontade é abrir os braços e aconchegá-Los bem perto de mim. Eu sabia! Eu sempre soube que este dia chegaria e agora, mesmo com este Tempo Malandro ao meu lado eu só consigo pensar: "Que bom que é diferente!"

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

À plus...

Tantas luzes, tantos sons e o que ecoa na minha memória são as nossas risadas. Ainda posso sentir o calor do teu abraço e por um momento o ar me falta. Doidice, doideira, doidura... doidinhos nós dois! Despeço-me sem ao menos querer olhar-te nos olhos. Existe alguém que saiba o que fazer nessas horas? Continua frio aqui e as minhas mãos geladas e trêmulas são a resposta para várias inquietações. Essa nossa coisa. Que é essa coisa toda mesmo?! Agora o nozinho na garganta vai desaparecendo e eu volto ao meu estado natural dos últimos dias: sorrir! Perdoe-me se não consigo te deixar alheio a tudo isso que escrevo. Sim! Meu texto está impregnado de você. Eu estou impreganada de nós dois finalmente juntos. Né?!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Anônima

Tac-tac, zum-zum... Sons, ruídos, barulho e sossego. Figura que destoa no meio de todo o caos: o semblante tranquilo, a risada que apaga qualquer vestígio de dor. Olhares curiosos. Como ousa respirar tão profundamente? Saber que ainda pode viver como se quis. Caminha a passos firmes sem levantar muito a cabeça, observa todas as formas, todas as cores antes desconhecidas e agora um pouco mais familiares. Caminha sem olhar para trás e sem querer saber o que se há pela frente. Acorda. O coração bate forte no peito. Apoia a cabeça e escuta: tum-dum, tum-dum! Então o som pede o cheiro. Cheiro bom, cheiro querido. Gosto de ternura nas bocas. Silêncio e palavras flutuantes. Leveza... as palavras voam! Eles se aguarram às asas, fecham os olhos e se ausentam. As palavras os levam para um mundo único, silencioso, anônimo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Maintenant

Não. Ela simplesmente não tem as respostas e não anseia por explicações. Um corte no meio da narrativa: atemporalidade com pitadas de déjà vu. Já estava mais que na hora de começar a escrever outro capítulo. Ainda não tem idéia do final, mas disseram que não se preocupasse. Então ela sonha se permitindo a tudo. O tom cinza deixa sua vida mais colorida agora. Ela se prende ao castanho claro dos olhos alheios já não mais tão desconhecidos e se deixa levar pelo sorriso tão desejado.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fui pras bandas de lá...

O céu tem um novo tom e as palavras agora ganham uma nova dimensão com o toque. Tudo tão peculiar que faz com que as expectativas nem existam mais. Pensar no amanhã não mais me interessa no momento. Talvez amanhã seja diferente. Mais uma vez satisfeita por ter tido coragem e ver que ao menos a minha vida tem as cores que eu pinto!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tant de belles choses

E eu pensei que ela fosse estar aqui. Quando me deitei ontem fiquei imaginando que ao acordar a dor teria ido embora e que finalmente ela pudesse aparecer, porém abro os olhos e tudo continua absolutamente do mesmo jeito: as roupas jogadas em um canto do quarto, a pilha de livros que fiquei relendo até tarde, algumas garrafas de cerveja. E este tom acinzentado: sempre o mesmo há anos.



A princípio achei que fosse transitório, que o tempo se encarregaria de fazer com que as coisas fossem verdes novamente. E ela dá aquela gargalhada gostosa quando me olha nos olhos e diz que o mundo é verde. No início eu me sentia incomodado de me ver tão nítido naqueles olhos castanhos, depois fiquei lisonjeado. 





Há um barulho lá fora no corredor. Preciso me levantar, descer o lixo... mas nada mais quero fazer pois continuo sozinho. Ah, solidão! Parecia algo tão seguro, tão certo. Não tive dúvidas ao renunciar o outro. 22 anos e eu era capaz de mudar o mundo. Não precisava de ninguém, não queria precisar de alguém. E esta dor nos ombros... o arrependimento é um fardo pesado e eu não posso simplesmente deixá-lo de lado. É presença constante, é parte de mim. Talvez se eu voltasse a dormir as coisas poderiam mudar e ela teria tempo de reaparecer.



Quando ela surgiu pela primeira vez não soube reconhecê-la. Pareceu-me tão improvável que ela pudesse estar ali ao meu lado. Era tão simples. Já ouvira tantos divagarem a seu respeito. Entretanto eu podia vê-la, senti-la, tocá-la... ah, Felicidade! Chega a encher a boca. Fe-li-ci-da-de cabe na palma da mão. E eu a agarrei com uma força que meus frágeis braços desconheciam até então. E de repente a busca cessou e eu pude respirar aliviado. Respirava e seguia o ritmo da música.



Tudo em volta estava disforme e eu só conseguia distinguir aquele par de olhos pequeninos que me encaravam, pediam, suplicavam que eu não me fosse. Mas por que eu me atreveria partir? Quando ela foi embora achei que não estava indo por mais que eu tivesse pedido justamente aquilo. Ela poderia entender. Ela sempre entenderia e estaria lá sorrindo na volta. Não pude continuar, pois com a distância eu já não era tão forte.



Preciso ser forte. É isso que todos esperam. As expectativas ali, sem um minuto de trégua. Ela entenderia, eu repeti como um mantra, repeti até cobrir a dor. E era simples não sentir nada. Só bastava me esconder por detrás das minhas certezas. Ah, coisa louca esta de sentir.



Sempre fui tão cauteloso, media palavras, lia vidas e vivia com racionalidade. Diziam que eu sempre era tão misterioso e me agradava me ver com os olhos alheios. Discutia Sartre, Foucault, Camus e ela com os olhinhos brilhando atenta a todas as teorias... delirava de prazer quando eu dizia em francês o que parecia ser muito em português “Je t'aime, Ma Chérie! Je t'aime bien, je t'aime fort...”. Teorizávamos por horas, queríamos mensurar nosso amor, nos convencer de que éramos completamente práticos, vivíamos no limite da razão, porém nada fazíamos além de teorizar.



Aquela sede contagiante pelo novo me embriagou e quando ela dizia que podíamos fazer daquele jeito ou viver daquela maneira meus medos se esvaíam e eu podia me perder em todos aqueles sentimentos. Condenei-me várias vezes por achar que este Amor é uma fuga, mas quem sou eu para dar o veredito? Sim, Amor com letra maiúscula. Amor que parece ser tão simples – ah, e como era simples, Meu Deus!- porém, podia sim renunciá-lo. Tinha o mundo aos meus pés e caminhar sozinho era tão mais conveniente. “Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?” Os meses passavam com uma velocidade incrível e eu me sentia livre, vivo. O vento gelado e seco do inverno acariciava-me o rosto e dizia-me que o amanhã não era o limite. Não havia limites.



Voltei daquela viagem com meus companheiros. Não a conhecia muito bem e a impressão é que partilhávamos toda uma existência juntos. Por mais de uma vez me forcei a ver o preto no branco. Não fantasiei, mas não sabia como parar de sonhar. Um medo (sentimento traiçoeiro e companheiro de outras jornadas) constante de não ter controle da situação.



Hoje vivo de lembranças vazias. Não me restou muito.

Tempo: velho e bom companheiro

Saudade e medo. Tão vulnerável e a impressão de antes carregar apenas metade do coração. 



Ficou calada. Tentou silenciar todos os questionamentos e sentiu que o sofrimento nunca iria cessar. Perguntou-se se havia errado, onde havia errado. Teve medo das respostas. Teve tanto medo. Quis sumir. Quis não experimentar tamanha dor. Inédito. Não soube lidar com a rejeição. Sempre foi ela quem dissera “não”. Sempre.



Depois do medo a solidão juntou-se a eles. Que triângulo nada amoroso! Correu, desvencilhou e fingiu não sentir. Pobrezinha. Dormiu e de sonhos passados foi vivendo. Tudo tão frio e vazio. Quando teve que acordar, pediu, implorou para ficar mais um tempo naquela inércia. 



Paradoxalmente não se permitiu. Lutou contra ela mesma. A grande batalha deveria ser travada sem a ajuda de ninguém. Fraquejou. Quis desistir. Pediu por socorro. Pediu para não ser daquele jeito. Perdeu o rumo e não quis encontrar uma nova saída. 



Mas o tempo carregou os dias, as noites, os meses e transformou dor em força. Fez com que ela quisesse voltar. Voltar para o presente. O medo continuou ao seu lado, mas era diferente: um misto de excitação, mistério, planos e a vontade de voltar a sorrir. Levantou-se. Sacudiu a poeira, mas deixou um pouco do pó para se lembrar de onde vinha a sua força. Olhou para trás e por mais que ela desejasse tudo aquilo novamente, conseguiu enxergar uma saída. Um pouco distante, é verdade. Tentou tocá-la, mas ainda não foi capaz de alcançá-la. Não se desesperou.



Foi no seu novo ritmo, às vezes tropeçava em si mesma, acabava caindo e as cicatrizes de outrora se reabriam. Ela reforçava os curativos e seguia em frente. As indagações não partiram, entretanto ela já não ansiava por respostas. Engraçado como as prioridades haviam mudado.



Olhou-se no espelho e se surpreendeu com o que via: não era mais a mesma. Era uma mudança sutil... se olhasse bem de perto era capaz de ver as marcas. Porém, seu primeiro impulso foi querer escondê-las. Bobagem. Inútil negar o inegável. Fez sua própria fortaleza para que, ao menos, não soubessem de suas derrotas e fraquezas.



Só que isso tudo faz parte dela. E, apesar do desespero inicial, vê que não foi o fim do mundo e que no meio de tanta coisa ruim ela continua aqui.



Olha para o passado com orgulho e ainda sente saudade.



Mas agora deseja algo novo.