Procurando

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Fantasmas

A caixinha estava coberta de poeira. Há muito que não mexia em nada, nem sequer a tirava do lugar. Não estava completamente esquecida, mas já sabia que não havia muita escolha. Deixa lá no canto, diziam - e assim ela fez. Quanto tempo já se passara? O mesmo tempo que tem agora para recomeçar. Porém, ela não vive sozinha e vira e mexe perguntam sobre a maldita caixa! Que coisa, viu?! Então um dia desses não pôde mais ignorar os fatos: a caixa estava mais uma vez aberta. Obra de mãos alheias... ela não se conteve e deu uma olhadinha: lá no fundo estavam eles, mais vivos do que imaginara. Teve medo e surtou! Coitada. As feridas ainda estavam abertas. Entretanto viu que de todos os badulaques que a caixinha guardava apenas um a preocupava: a Mágoa. Incrédula ela fuçou, remexeu tudo por algumas horas... não havia mais Amor! Estranho, pensou ela. Contudo se sentiu, como há muito tempo não se sentia, livre. Soube reconhecer a Felicidade sentada ao seu lado e não quis, nem por um segundo, sabotar tudo isso que construiu a duras penas nos últimos meses. É certo que ainda olha desconfiada para as esquinas, receio de encontrar os fantasmas. Mas hoje, ao olhar para o céu, como quem pede por ajuda, se deu conta de que o inverno enfim estava chegando ao fim e que a primavera já dava os seus primeiros sinais. Sim! Vejam: é ela florindo!

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