Procurando

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Acabou-se o que era doce


Com essa tragédia do vôo da Air France e minha viagem para a França marcada não posso não ficar balançada (tá! Todo mundo tá balançado. Até quem anda na bicicleta). Qdo voltei da França em 2006 foi a tragédia da GOL e agora é isso. O frio na barriga só aumenta. Com isso me lembrei das minhas últimas viagens aéreas e minhas lembranças me levaram até outubro do ano passado...
Eis o fim da Era de Ouro da aviação brasileira. Lembro-me bem da primeira vez em que viajei em um avião. Eu tinha 12 anos. Que sonho! Meu pai ficou endividadíssimo na época, mas fomos tratados como uma família real saída de algum principado muito pequenino.
Pois então que decido ir a Recife visitar minha irmã. Avião é claro! Não hesitei quando comprei minhas passagens com meu amado Visa (“Porque a vida é agora”). Sairia às 8h10 de Goiânia e desembarcaria às 12h10 do mesmo dia! Outro sonho... Viva Alberto Santos Dumont!!!
Entretanto ao embarcar já fiquei muito desconfiada (sou assim por natureza) daquelas figuras simpaticíssimas: os comissários de bordo (é feio dizer aeromoça, viu?!). Todos muito sorridentes e solícitos. Impecáveis! Que colarinho bem passado! E as saias? Sem nenhum vinco! E eu com minha tradicional combinação de jeans, camiseta e All Star e um casaquinho mínimo, afinal de contas iremos para Recife. Um sono que era uma história a parte, mas que se dane! Não queria agradar a ninguém apenas sair do marasmo de Goiânia.
O casaquinho fez jus ao seu sufixo e eu morri congelada. Mas não sentia tanto frio, pois a minha fome era maior. Quando servirão algo? Eu me perguntava. Enquanto eu não via indícios de um possível lanche continuava a cochilar de boca aberta sonhando que eu estava na Algodão Docelândia.
Sim! Lá estavam eles. Sorridentes, simpáticos e solícitos no início do corredor com o carrinho. Eu fiz bem em escolher a poltrona 7F, imaginei. Já viajei na 28B uma vez e foi barra esperar eles chegarem até mim. Então limpei a baba, melhorei a minha cara e fiquei folheando a revista de bordo como se não estivesse prestando atenção à movimentação no avião e torcendo para que eles não se esquecessem de mim. Mas... não pode ser! “Bom dia. A Senhorita deseja um amendoim e uma barra de cereal? E para beber?” Pronto. Acabou. E lá se foram eles com o sorriso congelado no rosto para os passageiros da oitava fila. Ei! Eu quis gritar. Mas cadê a comida? Minha vontade era de começar um discurso inflamado a respeito da minha vida e o que passei até chegar ali. Vocês me pedem para fazer o check-in 1h antes da partida. Ou seja, eu estava às 7h no aeroporto. Logo levantei às 6h! Às 6 horas da manhã, entendem? Por isso estou aqui dormindo e babando de estômago vazio, pois não tive tempo de comer nada. E vocês me aparecem com um saquinho, bem mixuruca de amendoins selecionados eletronicamente?! Que podia fazer? Sair do avião de indignação?
Retribuí o sorriso e peguei minha preciosa barrinha de cereal, meus amendoins e meu suco de goiaba. MEUS, TODOS MEUS. E comi pensando na história que escutei uma vez a respeito de alguém. Quem foi? Bem, não me recordo, mas a pessoa estava viajando em um ônibus e disse que ao parar em uma cidadezinha para comer algo pediu um quibe (ainda bem que ainda havia um), mas o proprietário do estabelecimento a corrigiu dizendo que não se tratava de um quibe e sim de uma coxinha. Então me dei conta de que minha situação não era tão crítica assim. Desembarquei em Recife com o estômago nas costas e morrendo de sono.
Agora se eu for pensar bem sempre acontece algo bizarro quando viajo em aviões... vamos ver se em setembro eu terei outra história para contar.

Um comentário:

  1. Rio sozinha das histórias que você conta. Já falei, você é engraçada (não que eu esteja te chamando de palhaça) mas tem um humor peculiar.

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