Procurando

quinta-feira, 11 de junho de 2009

I like movies
















Sempre existem um milhão de coisas que você tem vontade de fazer, mas acaba adiando pensando que sempre haverá outros momentos para concretizá-las. Porém, uma apaixonada por cinema como eu, ainda não conseguiu assistir nem a 10% dos filmes do cinema mundial que me interessam e fica cada vez mais difícil acompanhar todas as novidades. Então, num dia desses, deixei as obrigações de lado e fui ver Crash-No limite. Surpresa boa! Meu pseudo-ócio foi compartilhado com meu querido amigo Marco Túlio que me ajudou a organizar minhas impressões "after the movie". Thanks, dear!
Crash - No Limite (Crash, EUA, 2004 / Alemanha, 2004)
Sinopse:
O filme mostra o encontro de vários personagens totalmente diferentes nas ruas de Los Angeles: uma dona-de-casa e seu marido, promotor público, da alta sociedade; um lojista persa; um casal de detetives da polícia - ele afro-americano, ela latina -, que também são amantes; um diretor de televisão afro-americano e sua esposa; um mexicano especialista em chaves; dois ladrões de carros da periferia; um policial novato; e um casal coreano de meia-idade. Todos vivem em Los Angeles e cada um tem sua própria história. Nas próximas 36 horas, eles vão se encontrar.
Elenco:
Sandra Bullock, Don Cheadle, Matt Dillon, Jennifer Esposito, William Fichtner, Brendan Fraser, Ludacris, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Larenz Tate, Tony Danza, Keith David, James Haggis.
Direção: Paul Haggis.
Produção: Don Cheadle, Paul Haggis, Mark R. Harris, Robert Moresco, Cathy Schulman, Bob Yari.
Fotografia: James Muro.
Trilha Sonora: Mark Isham, Oliver Nathan, Shani Rigsbee, Kathleen York.

Onde estaremos amanhã? A quem teremos que pedir ajuda? Que influência tem as pessoas com as quais cruzamos durante a nossa vida? Crash é um filme que tem como um dos temas principais o racismo. Nada muito novo nos dias atuais se não fosse um assunto que fazemos questão de não discutir. E por quê preferimos nos calar? Acaso não somos também racistas?
O filme nos indaga a todo momento sobre as crenças e valores que construímos ao longo de nossa existência e como é cômodo e necessário vestir um papel que os assuma, bem como suas conseqüências. Porém, para falar de racismo, que é em si um assunto heterogêneo, não se pode desconsiderar o valor da identidade e da diferença na construção desse sentimento que faz parte de nossa natureza sócio-cultural. Ao nos depararmos com a personagem do detetive Graham, por exemplo vemos claramente como o processo de construção das identidades é algo complexo. Ao assumir um alto cargo dentro de polícia de Los Angeles, o poder que lhe é conferido não condiz com os estereótipos criados pela sociedade uma vez que ele assume uma identidade que o afasta de suas origens negras. Logo, ele é tratado de acordo com esta identidade que ele construiu ao longo de sua vida. Entretanto, fica uma lacuna nesse processo, visto que sua família condena essa identidade que os afasta e ele não consegue pertencer integralmente a nenhum dos dois lados. O filme traz vários exemplos em que somos levados/as a lidar com a diferença alheia levando-nos também a uma auto-aceitação, quer dizer, a nos reconhecer como parte da diferença que muitas vezes abominamos.
Não sabemos o quanto um esbarrão furtivo na rua com um desconhecido pode revelar caminhos inimagináveis nas nossas vidas, isto é, pensamos ter controle sobre nossas ações e nossos planos pessoais, mas não é bem assim.

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